Libertando filhos de Abraão

 

 

Mathias Quintela de Souza
l  Pastor titular da 1ª IPI de Curitiba  l

Jesus frequentava e ensinava nas sinagogas, igrejas judaicas, muito semelhante às igrejas locais evangélicas hoje. Ele foi enviado primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mateus 15.24) e os apóstolos deviam dar preferência a essas ovelhas na primeira viagem missionária (Mateus 10.6). Como crentes, somos filhos de Abraão e herdeiros da salvação segundo a promessa (Gálatas 3.7, 29). Hoje, o Cristo vivo visto em nós pode atrair e libertar os desviados, desigrejados e pecadores (Lucas 15.1-2) que, por diversos motivos, tornam-se vítimas de Satanás, como aconteceu com a mulher encurvada e com Zaqueu, o publicano, filhos de Abraão, que foram encontrados e libertados por Jesus. O texto bíblico da nossa reflexão mostra como os filhos de Abraão são libertados.

O olhar compassivo de Jesus. Como a mulher era vista pelo chefe e frequentadores da sinagoga? Mera paisagem vista com desprezo? Uma presença indesejável numa plateia de pessoas eretas e saudáveis? Um ser humano criado à imagem e semelhança de Deus? Ou, como Jesus viu, uma filha de Abraão que por algum motivo caiu em tentação e tornou-se presa de Satanás? (1 Pedro 5.8-9; Efésios 4.27). Ao ver as multidões, Jesus se compadeceu delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor (Mateus 9:36). Jesus olha para os contritos e abatidos de coração com ternura e afeto.

O toque libertador de Jesus. Jesus não apenas viu a mulher, mas chamou-a para perto dele, falou com ela e declarou a cura. E, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a Deus (Lucas 13:13). Da mesma forma o leproso, considerado impuro e que deixava impuro quem nele tocasse, recebeu o toque de Jesus e ficou limpo (Mateus 8.1-3). Por outro lado, a mulher que sofria há doze anos de hemorragia, também considerada impura, movida pela ousadia da fé tocou em Jesus e ficou imediatamente curada (Marcos 5.25-34). O toque de Jesus, e o toque em Jesus, liberta os filhos de Abraão das suas enfermidades e misérias.

A denúncia da religiosidade hipócrita como empecilho. Enquanto a mulher curada glorificava a Deus e o povo se alegrava por todos os feitos gloriosos que Jesus realizava, o chefe da sinagoga, que seria o pastor do rebanho, indignava-se com as pessoas que tinham vindo á sinagoga para serem curados no dia de sábado. Jesus reafirma o princípio de que o sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado quando denuncia os hipócritas insensíveis que dão água aos seus animais no dia de sábado, mas ficam indignados quando uma filha de Abraão é libertada das amarras de Satanás. Estão no mesmo patamar dos escribas e fariseus hipócritas que fecham a porta do Reino de Deus na cara das pessoas. Não entram e são empecilhos para os que querem entrar (Mateus 23.13). São como igrejas que funcionam como clubes religiosos com clubinhos internos herméticos.

A presença de Jesus fez toda diferença naquele culto da sinagoga. Sejamos sensíveis ao toque de Jesus que nos dá nova oportunidade quando se dirige a nós como igreja: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo (Apocalipse 3:20). A presença de Jesus em nosso meio atrai os filhos de Abraão que precisam libertar-se das amarras de Satanás.

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