Paulo C. M. Pereira Júnior
l Pastor auxiliar da 1ª IPI de Curitiba l
Foi noticiado há alguns anos, que árvores com mais de 70 metros de altura e 400 anos de vida começaram a tombar no Parque Nacional da California. Eram sequoias, árvores estrondosas com grossos troncos e profundas raízes.
Ninguém sabia ao certo o motivo. Afinal, o que teria derrubado aqueles gigantes? Não houve tempestade, incêndio ou inundação. Não houve ataque de animais nem danos de insetos. Depois de um longo período de pesquisa, os guardas florestais concluíram que as árvores caíram devido à movimentação humana em torno de suas raízes. Aquela era uma área de piquenique, muito frequentada por moradores da região. Famílias brincavam e se alimentavam sobre a base das árvores, bem acima de suas raízes. Depois de anos de movimentação humana sobre a raiz, as árvores enfraqueceram e, finalmente, colapsaram.
Visando evitar que o público continuasse pisando sobre as raízes das sequoias, as autoridades florestais decidiram colocar cercas ao redor desses gigantes. Como resultado, nenhuma outra árvore caiu por este motivo.
Segundo a tradição bíblica sapiencial, o coração humano deve ser protegido, porque dele procedem as fontes da vida (Provérbios 4.23). Assim como a raiz de uma sequoia, o coração humano é fonte de vida e estabilidade. Guardar o coração significa viver de acordo com a Palavra de Deus, respeitando e obedecendo os seus decretos.
Como parte do compendio sapiencial bíblico, Salmo 119.9-16, todo construído a partir da segunda letra do alfabeto hebraico, tem como seu centro o verso 11, que diz: “Guardei no coração a tua Palavra, para não pecar contra Ti.”
Como cristãos, guardamos nosso coração quando:
1. Vivemos de acordo com a Palavra de Deus (Salmo 119.9-11)
No primeiro verso desta perícope (v. 9), o salmista questiona: Como pode o jovem manter pura a sua conduta? E logo responde: Vivendo de acordo com a Tua Palavra.
Deus sabe que precisamos de ajuda para manter pura nossa conduta diária. Assim, inspirou os manuscritos sagrados para serem compartilhados e estudados por seu povo. Cristãos e cristãs, ao longo dos séculos, se esforçaram para passar adiante os ensinamentos bíblicos, pois sabiam que através da leitura da Palavra, as pessoas seriam abençoadas e transformadas pelo poder do Espírito. Assim, ler a Bíblia e viver de acordo com a Palavra de Deus é uma forma de se guardar a Palavra no coração.
2. Regozijamos em seguir os testemunhos da Bíblia (Salmo 119.12-14)
No verso 14, é dito: Regozijo-me em seguir os teus testemunhos como o que se regozija com grandes riquezas.
Deus iluminou e abençoou homens e mulheres com histórias de arrependimento, confissão e conversão: testemunhos vivos da obra redentora do Senhor na vida humana. Estes testemunhos foram registrados na Bíblia, sob a inspiração do Espírito Santo, na forma de histórias, ensinamentos e profecias, trazendo alegria ao coração daqueles que os leem. Allen Verhey, professor de Teologia no Seminário de Duke, nos Estados Unidos, afirma que “as comunidades de fé leem os Evangelhos e colocam suas histórias ao lado da história de Jesus para serem iluminadas e transformadas por elas”. Encontrar alegria em ler e estudar os testemunhos da Bíblia é uma forma de se guardar a Palavra no coração.
3. Meditamos nos preceitos do Senhor (Salmo 119.15-16)
Por fim, no verso 15, é dito: Meditarei nos teus preceitos e darei atenção às tuas veredas.
Em nossa igreja, 1ª IPI de Curitiba, aprendemos que a plenitude da vida é encontrada quando vivemos de acordo com a missão de Deus. Meditar nos preceitos do Senhor é o caminho para se discernir a missão do Espírito em nossa vida, família e igreja. Antes de sair “trabalhando” para Deus, devemos discernir onde o Espírito já está atuando e nos juntar a Ele. Neste sentido, meditar nos preceitos do Senhor não é apenas um ato de obediência, mas também uma expressão natural daqueles que estão no Senhor. Meditar nos preceitos do Senhor é uma forma de se guardar a Palavra no coração.
Comentários