l Pr. Mathias Quintela de Souza l Romanos 13.11; Salmos 126 l
A palavra grega kairós em Romanos 13.11 significa tempo qualidade, ao contrário de kronos, outra palavra grega, que significa tempo quantidade, tempo mensurável. Quando temos a vida eterna pela fé em Cristo (João 5.24), cada instante do nosso tempo cronológico pode ficar cheio de sentido, de significado. No Salmo 126 o autor discerne o tempo de Deus (kairós) e produz um poema cuja nota dominante é alegria, apesar dos muitos anos de exílio na Babilônia e dos tremendos desafios de reconstrução que o povo de Deus tinha pela frente. Que tempo é este?
É tempo de sonhar. Para os que retornaram do exílio na Babilônia parecia bom demais para ser verdade. Parecia um sonho! Na verdade, era a realização de um sonho acalentado pelos que não perderam a fé nem a esperança durante os 70 anos de exílio! Para estes, agora, é tempo de festa, de riso, de júbilo, de celebração! Grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso, estamos alegres (126.1-3). No entanto, o templo estava reduzido a cinzas, Jerusalém arruinada e seus muros destruídos. Por isso, além de celebrarem a restauração da sorte de Sião (126.1), clamam agora, para que a restauração continue (126.4a) e para que continuem sonhando com um país reconstruído e com fartas colheitas como resultado de uma semeadura que seria feita com lágrimas. Que as crises pelas quais estamos passando não destruam a nossa capacidade de sonhar nem roubem a nossa alegria.
É tempo de reconstruir. Os exilados retornaram em diversas levas para Jerusalém. Um destes grupos foi liderado por Esdras que, percebendo os enormes desafios, levou o povo a jejuar e orar, pedindo uma jornada feliz. Ele liderou a reconstrução do templo em meio e lutas e dificuldades. O mesmo aconteceu com Neemias na reconstrução dos muros. Foram orientados e encorajados pelos profetas Ageu e Zacarias. Tempos difíceis, mas que não mataram os sonhos destes homens de Deus que deixaram as suas digitais na história sagrada! Que estas narrativas nos encham de ânimo para participarmos da reconstrução de tudo aquilo que o inimigo destruiu. Todos somos atingidos pelos efeitos da pandemia, mas, para muitos, a situação é também de terra arrasada. Que Deus nos faça solidários neste grande desafio de reconstrução! “Restaura, SENHOR, a nossa sorte”.
É tempo de colher. “Restaura, SENHOR, a nossa sorte, como as torrentes do Neguebe” (126.4). De fato, para a reconstrução, o povo precisava de bênçãos vindas de Deus como as torrentes que desciam em cascatas e que enchiam os leitos secos dos rios, tornando toda a região árida do Neguebe, sul de Judá, em terra fértil e produtiva. Neste recomeço difícil para as atividades agrícolas, o povo semeava com lágrimas, andando e chorando enquanto lançava a semente ao solo, mas na firme esperança de que ceifariam com júbilo e voltariam trazendo os seus feixes com alegria. Hoje colhemos os frutos de semeaduras do passado e somos encorajados a semear para as gerações futuras. O sonho de fartas colheitas, renovado na jornada, nos motiva a prosseguir semeando mesmo que com lágrimas.
Jesus é a fonte da qual jorram torrentes de água viva que nos saciam em tempos de crise e de sequidão. Essa água viva se torna em nosso interior numa fonte que jorra para a vida eterna (João 4.13-14; 7.37-39). A águia viva é símbolo do Espírito Santo que recebem os que creem em Jesus e que, na plenitude do Espírito, profetizam, têm visões e sonhos, em qualquer circunstância.
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