Rev. Cristiano Zioli
“O mundo está ao contrário e ninguém reparou”, cantou a Cássia Eller, há alguns anos. De fato, já faz um tempo em que as coisas não estão no seu devido lugar ou perderam o seu sentido. E se ninguém reparou, algo está muito errado! Jesus ao falar do sal da terra, Ele não está falando do sal, mas do que o símbolo traz à memória. Num tempo onde não se havia geladeira, o sal era, e em alguns lugares ainda é, o elemento que atrasa a decomposição da carne. Preserva por mais tempo.
O sal que atrasa a decomposição do mundo é o mesmo que atrasa a minha própria decomposição. Quem não se vê parte do problema, não tem como se ver parte da solução. Só se é salvo aquele que se acha perdido. Só se cura aquele que se declara doente. Um mundo doente, como o nosso está, e ainda em estado terminal, que não consegue se enxergar assim está fadado ao inferno desde já. O sal desacelera o processo de decomposição da carne. Os cristãos devem ser aqueles que se opõem contra todo processo de decomposição do ser e, por conseguinte, da sociedade. Sal da terra é a linha de frente que retarda o apodrecimento desse mundo!
Deixo aqui um comentário de John Stott sobre a fala do Cristo: “O sal cristão não tem nada de ficar aconchegado em elegantes e pequenas dispensas eclesiásticas; nosso papel é o de sermos ‘esfregados’ na comunidade secular, como o sal é esfregado na carne, para impedir que apodreça. E quando a sociedade apodrece, nós, os cristãos, temos a tendência de levantar as mãos para o céu, piedosamente, horrorizados, reprovando o mundo não-cristão; mas não deveríamos, antes, reprovar-nos a nós mesmos? Ninguém pode acusar a carne fresca de deteriorar-se. Ela não pode fazer nada. O ponto importante é: Onde está o sal?”. (STTOT, John; A Mensagem do Sermão do Monte. São Paulo: ABU Editora, 1997. Pg 57).
Comentários