l Pastor Mathias Quintela de Souza l Mateus 5.21-26 l
A pandemia pegou toda a humanidade de surpresa e colocou este desafio: como proteger vidas da infecção do vírus e ao mesmo tempo preservar as condições de sustento da vida? Devemos fazer o que está ao nosso alcance e orar para que as autoridades, encarregadas de elaborar políticas públicas de enfrentamento desta crise, cumpram a sua missão acima de posições ideológicas e de interesses políticos e econômicos. Além disto, como discípulos de Jesus, somos desafiados a viver a cultura do reino de Deus sem nos amoldarmos aos padrões do mundo, que disseminam a morte. Não matarás, é o mandamento. Jesus nos ensina a viver o espírito deste mandamento, indo além da mera letra.
Respeitar a vida é atitude do coração (Mt 5.21-22a). A origem do assassinato está no coração de quem acolhe e alimenta a ira, com ou sem motivo. Essa ira se transforma em rancor, que se transforma em ódio, que pode exteriorizar-se por meio de palavras e ações. A orientação bíblica é clara: Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo o assassino não tem vida eterna permanente em si (1 Jo 4.15). Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo (Ef 4.26-27). Para o tribunal humano é difícil julgar motivações íntimas, mas nada escapa ao tribunal divino.
Palavras que matam desrespeitam a vida (Mt 5.22b). Quem insulta, despreza e deprecia o irmão com palavras, assassina a reputação dele e fica sujeito ao julgamento de tribunais e ao fogo do inferno. Jesus adverte: Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, delas darão contas no Dia do Juízo (Mt 12.36). Por outro lado, quem respeita a vida do irmão, a sua língua é medicina (Pv 12.18) e suas palavras edificam e transmitem graça aos que ouvem (Ef 4.29). A nossa língua é instrumento de vida ou morte (Tiago 3). Que uso estamos fazendo dela?
Reconciliação é respeito à vida em comunhão (Mt 5.23-24). Não há vida real fora da comunhão com o Deus trino e com os irmãos no corpo vivo de Cristo. Por isso, a oferta pode esperar no altar enquanto irmãos se reconciliam. Se não há reconciliação, a disciplina do Pai celestial que é amoroso pode ser severa para evitar a perdição daqueles que ferem o corpo de Cristo e que não preservam a unidade do Espírito no vínculo da paz (1 Co 11.30-32; 3.16-17; Ef 4.3).
O acordo respeita a vida em sociedade (Mt 5.25-26). Jesus fala dos conflitos a que estamos sujeitos na nossa vida em sociedade. Ele orienta o acordo com o adversário enquanto é tempo. Tudo o que é acordado é justo, ainda que, às vezes, tenhamos que abrir mão de algum direito, seguindo instruções da palavra de Deus: …se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens (Rm 12.18). Os bem-aventurados discípulos de Cristo e filhos de Deus são pacificadores (Mt 5.9). Vamos orar, também, para que as autoridades dos poderes executivo, legislativo e judiciário trabalhem em harmonia para proteger vidas em suas várias dimensões.
Que Deus nos capacite para viver o espírito do sexto mandamento, não matarás, porque a letra mata, mas o espírito vivifica (2 Co 3.6).
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