Mathias Quintela de Souza
l Pastor titular da 1ª IPI de Curitiba l
A liberdade cristã tem propósito. A salvação em Cristo nos liberta do individualismo e das ambições egoístas para servirmos uns aos outros, administrando os recursos da multiforme graça de Deus. Jesus é o Servo por excelência. Como Senhor e Mestre, ele lava os pés dos discípulos, serviço de escravo, para demonstrar que maior é quem serve com humildade e mansidão. Como igreja, comunidade de discípulos de Cristo, somos a escrava resgatada do pecado para servir o Senhor, servindo uns aos outros com alegria.
O amor que liberta para amar. Ao instituir a Santa Ceia na véspera da Páscoa, Jesus assume a função do Cordeiro que tira o pecado do mundo, sacrificando-se por nós voluntariamente, como ato de amor em obediência ao Pai. …sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (João 13:1). Como escreveu o poeta sacro: Eis a escrava resgatada! /Grande preço Cristo deu, /Não foi ouro nem foi prata:/foi seu sangue que verteu. Resgatados pelo Cordeiro, ficamos livres para amar uns aos outros como ele nos amou e para sermos conhecidos no mundo como seus discípulos (João 13.34-35).
O poder que liberta para testemunhar. Ao fazer o trabalho de escravo, Jesus demonstra a origem do poder que nos liberta do pecado e nos transforma em servos da justiça: …sabendo este (Jesus) que o Pai tinha confiado tudo às suas mãos, e que ele tinha vindo de Deus e voltava para Deus, levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, pegando uma toalha, cingiu-se com ela (João 13:34-35). Jesus glorificou o Pai pela obediência até à morte de cruz e por isso foi exaltado pelo Pai que lhe deu toda autoridade no céu e na terra. Ele tem as chaves da morte e do inferno (Apocalipse 1.18). Quando nos submetemos à sua autoridade em obediência, somos revestidos com o poder do Espírito Santo para fazer discípulos de todas as nações (Mateus 28.18-20; Atos 1.8). Este é o propósito de Deus para nós como igreja. Pois agora que sou tua, /só por ti eu vou viver; /Quero em tudo, alegremente, /observar o teu querer.
O discipulado que liberta para servir. Se Jesus, o Senhor e Mestre, se fez escravo para servir, não temos outro caminho como discípulos, se não o serviço mútuo, evidência de libertação do individualismo e das ambições egoístas. O chamado ao discipulado é o desafio para um novo projeto de vida: Então Jesus disse aos seus discípulos: — Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; e quem perder a vida por minha causa, esse a achará (Mateus 16:24-25). A vida plena e abundante de Cristo se manifesta na comunidade dos seus discípulos onde, no poder do Espírito, todos servem e são servidos e, por isso, impactam o mundo com o seu testemunho. Quero receber teu jugo, /em teus passos caminhar, /No descanso e no trabalho, /sempre ao lado teu andar.
Samuel Brengle (1860-1936) recusou convites para pastorear grandes igrejas metodistas nos Estados Unidos e ingressou no Exército da Salvação. No porão da escola de cadetes em Londres, enquanto limpava e engraxava botas dos soltados como treinamento prático, lembrou-se de Jesus lavando os pés dos discípulos. Foi, então, tomado pela verdadeira alegria celestial, alegria que experimentam todos os que servem no espírito de Jesus.
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