l Pastor Mathias Quintela de Souza l Mateus 5.33-37 l
Mais uma vez Jesus contrasta o seu ensino com a tradição ensinada pelos escribas e fariseus, desta vez sobre juramentos e votos, deixando evidente como a cultura religiosa e mundana está distante da cultura do Reino de Deus. Os discípulos de Jesus não precisam fazer juramentos para dar credibilidade às suas palavras, mesmo porque votos e juramentos são permitidos, mas não ordenados por Deus. Comprometido com Jesus, caminho, VERDADE e vida, quando o discípulo diz sim é sim e quando diz não é não. O que passa disto procede do mal porque pressupõe como inevitável a prática da mentira.
A tradição humana invalidando a Palavra de Deus. Não quebre seus juramentos, cumpra os juramentos que fizer ao Senhor (Mt 5.33). Aparentemente, nada de errado neste ensino dos mestres nos dias de Jesus. Resume o que está escrito na lei e nos profetas. Dentre outros textos, examine Levítico 19.12, Deuteronômio 23.21-23 e Zacarias 8.17. Os votos e juramentos feitos livremente deviam ser cumpridos. Caso contrário, eram falsos testemunhos, perjúrios, passíveis de punição. No entanto, os mestres ensinavam que só havia perjúrio quando o juramento fosse feito em nome de Deus. Ficava desobrigado quem jurasse pelo céu, pela terra, por Jerusalém, pela sua própria cabeça (Mateus 5.34-36), pelo santuário e pelo altar (Mateus 23.15-22). Mas, para o discípulo de Cristo não há área profana e área sagrada. Deus é soberano sobre todas as coisas. Jamais invalida a Palavra de Deus pela tradição humana como faziam os fariseus (Marcos 7.9).
Os juramentos são desnecessários para os discípulos de Jesus. O ensino do Mestre é claro: Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo nenhum… Que a palavra de vocês seja: Sim, sim; Não, não. O que passar disto vem do Maligno (Mateus 5.34a, 37). Quem é capaz de mentir é também capaz de jurar falso. Huberto Rohden afirma que “a prática do juramento é sintoma de um mal profundo, ou seja, o hábito de desrespeitar a verdade. Jesus não está interessado em curar os sintomas, mas a própria doença. Quem reprime sintomas é charlatão – quem cura a raiz do mal é médico”. É preciso distinguir entre engano e mentira. Engano, quando palavras e atitudes revelam percepção insuficiente da realidade; mentira, quando as palavras distorcem a realidade conscientemente. Para quem se engana, a solução é o crescimento em maturidade. Para quem mente, mesmo sendo religiosos como os fariseus, a cura é a conversão que consiste na passagem das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus.
Então, por que os juramentos? A mentira é regra geral no mundo cujo príncipe é o diabo. Está presente nos relacionamentos sociais, nos negócios, na política, na religião etc. Por isso, todo julgamento provém do mal porque supõe algo mau. Ele existe por causa da desconfiança entre as pessoas. Mesmo Deus, por causa da incredulidade humana, teve que confirmar com juramento a imutabilidade dos seus propósitos (Hebreus 6.17). Escrevendo aos gálatas, inclinados a ouvir falsos ensinos, Paulo tomou Deus como testemunha para confirmar a autenticidade do seu ministério apostólico (Gálatas 1.20). O cristão também pode jurar, mesmo não sendo necessário, quando isto é exigido por autoridades sobre a sua vida.
Se Deus permite, mas não ordena juramentos, é melhor não fazer do que fazer e não cumprir, pois Deus não se agrada de tolos (Eclesiastes 5.4-5).
Mathias Quintela de Souza
Pastor
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