Das migalhas ao banquete

 

 

 

Priscila Madeira Kume
l  Pastora auxiliar da 1ª IPI de Curitiba  l

O texto de Mateus 15:21-28, nos fala acerca do encontro de uma mulher cananeia com Jesus e os discípulos. Ao ler a narrativa, sem observar no contexto que se encontra, pode parecer complexo entendê-lo, mas quando analisamos todo o capítulo, extraímos preciosas lições que nosso Salvador deixou para nós.

A mulher cananeia foi até Jesus em busca de ajuda, porque sua filha estava possuída por um espírito maligno. Essa mulher ultrapassou diversas barreiras, no contexto cultural e religioso. Este texto nos fortalece espiritualmente, homens e mulheres, a sermos perseverantes em nossa fé, e não desprezarmos os feitos de Deus em nossas vidas.  A mulher cananeia estava movida de uma fé que ultrapassou a dos discípulos, mesmo sendo estrangeira, reconhecia que somente o filho de Davi, tinha poder para ajudá-la. Enfrentou aquilo que talvez fosse obstáculos difíceis de encarar: a vergonha em ter que falar abertamente do problema que estava enfrentando. Ela age com coragem e se dirige a Jesus, clamando em alta voz.

A primeira atitude que nos chama atenção, é a coragem que a impulsionou em clamar por socorro. Isso indica que ela teve o discernimento espiritual de entender que a cura para aquele mal, só viria através do filho de Deus. Quantas vezes deixamos que a vergonha, o medo do que os outros vão pensar nos paralisem e nos impeçam de buscarmos a Deus? A mulher cananeia, buscou de forma ousada e confiadamente no Senhor!

A segunda atitude que nos impressiona é a sua persistência. Os discípulos pedem que Jesus a mande embora, pois a sua presença e postura, clamando em voz alta na opinião deles estava incomodando. A fé desta mulher gentia se sobressai a “pouca fé dos discípulos” (Mt 8:36-38). Existem situações, circunstâncias, e até mesmo pessoas que podem tentar calar a nossa fé, mas se cremos que Jesus é o filho de Deus, ninguém pode nos calar. Por vezes no caminhar da vida poderemos encontrar pessoas que vão tentar nos desviar e querer nos afastar de Jesus, mas façamos como aquela mulher, continue persistindo, continue clamando pelo socorro de Deus.

Em terceiro lugar, a atitude de humildade a levou de migalhas para um banquete espiritual. Jesus neste capítulo, estava cercado de religiosos que estavam se importando com rituais, e esquecendo do principal, o interior do coração humano. Viviam o evangelho de forma hipócrita, agiam com descriminação, mostrando a dureza de seus corações. Ela tinha tudo para desistir e ir embora, já era discriminada pela sociedade, pela religião, naquele curto diálogo os discípulos ficaram incomodados querendo que ela fosse embora. Depois Jesus faz uma afirmação dizendo: “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos”, ao que ela de forma humilde diz: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”. Ela age de forma humilde, pois sabe que se os cachorrinhos mesmo que através de migalhas são alimentados, quantos mais a nós.

As migalhas que vem do pão celestial, podem parecer poucas, mas são suficientes. Um coração que crê, é grato por tudo que tem recebido de Jesus. Porque somos imerecedores do seu amor, mas pela sua graça somos participantes do seu Reino e considerados seus filhos e filhas. Jesus respondeu: “Mulher, grande é a sua fé! Seja conforme você deseja. E naquele mesmo instante a sua filha foi curada.” Não foram os gritos daquela mulher que comoveram Jesus, mas sim a coragem, a perseverança e a humildade que engrandeceram a sua fé. Porque “um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Salmo 51:17). Quando há humildade em nosso coração sabemos que as migalhas nos levam ao banquete celestial. O Pão da vida supre todas as nossas necessidades, ele é suficiente para nós.

 

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