AMANDO COMO SOMOS AMADOS POR DEUS

l  Pastor Mathias Quintela de Souza  l  Mateus 5.38-48  l

Chegamos aos dois últimos contrastes entre a tradição dos escribas e fariseus e os ensinos de Jesus, nosso Senhor e Mestre. Nestes contrastes, Jesus deixa claro que somos filhos de Deus quando o nosso amor ao próximo é tão abrangente quanto o amor do nosso Pai celestial. Deus prova o seu amor para conosco pelo fato de que Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores, quando nada de amável existia em nós. É este amor que nos transforma e que transforma pessoas por nosso intermédio. Que amor é este?

Amor que não se ressente nem se vinga. O amor é a norma nos relacionamentos pessoais dos discípulos de Cristo. Este amor não se ressente do mal (1 Coríntios 13.5b) nem toma a justiça nas mãos para se vingar de injustiças sofridas. A lei “olho por olho e dente por dente” (Levítico 24.19-20) foi dada aos juízes de Israel como nação civil para estabelecer justa retribuição e evitar vinganças pessoais. A justa retribuição fica, sempre, nas mãos das autoridades constituídas (Romanos 13.1-7) e nas mãos de Deus, o justo juiz (Romanos 12.19). Quanto a nós, servimos o inimigo no que estiver ao nosso alcance e vencemos o mal com o bem (Romanos 12.20-21). Por isto, não nos ressentimos nem nos vingamos quando somos insultados (Mateus 5.39), quando enfrentamos pleitos injustos nos tribunais (Mateus 5.40) e quando somos obrigados a prestar serviços forçados (Mateus 5.41). Além do mais, o amor nos faz generosos diante das necessidades do nosso próximo (Mateus 5.42). “Retribuir o bem com o mal é diabólico; retribuir o bem com o bem é humano; retribuir o mal com o bem é divino” (Alfred Plummer). Assim como Deus nos disciplina não por ressentimento nem por vingança, mas por amor, para o nosso bem (Provérbios 3.11-12), assim devemos administrar a justiça em áreas da nossa competência como, por exemplo, família e igreja.

Amor abrangente, que não discrimina. A orientação de Deus é para amarmos o próximo como a nós mesmos (Levítico 19.18). Na interpretação dos escribas o próximo era o irmão israelita e o gentio era o inimigo que devia ser odiado. Prática que subverte a lei e os ensinamentos dos profetas que exigiam tratamento digno para os estrangeiros (Levítico 19.33-34; Zacarias 7.10). O amor inquebrantável do Pai para com todos se expressa na providência para os maus e os bons, para os justos e os injustos. Por isto, demonstramos que somos filhos de Deus quando amamos a todos, sem discriminação, justos e injustos, bons e maus, crentes e incrédulos, com o amor que o Pai derrama nos nossos corações (Romanos 5.5). Este amor nos amadurece e nos livra de ressentimentos que alimentam desejos de vingança. Pelo contrário, nos fortalece interiormente e nos leva a amar os nossos inimigos e a orar pelos que nos perseguem. Este amor ativo coloca brasas na consciência do inimigo e pode levá-lo à conversão (Romanos 12.20). Amar, servir e orar pelo inimigo é a única forma de ganhá-lo. E assim nos tornamos maduros como maduro e perfeito é o nosso Pai celestial.

Os ensinos de Jesus em Mateus 5.38-48 nos mostram a necessidade de vivermos cheios do Espírito Santo para que o amor, fruto do Espírito, se manifeste em nós por meio de atos concretos de serviço aos irmãos e ao próximo, e revele a beleza de Cristo em nós.

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